30 | 09 | 2012 18.49H
Suspeito que só os mais novos conseguem ir ao cinema ver Terapia a Dois, e rir às gargalhadas. Pelo menos não vi um único adulto com mais de 30 com a menor vontade de rir, e desconfio, a avaliar por mim mesma, que muitos dos que estavam na sala não resistiram às lágrimas – é angustiante ver um grande amor arruinado.
Meryl Streep desempenha de forma fantástica, aliás como sempre, o papel de Kay, uma mulher de 60 anos ou um pouco mais que quer salvar um casamento mais do que moribundo da morte certa. Dorme há anos num quarto separado do marido Arnold, Tommy Lee Jones, que é um daqueles homens casmurros, que embora zangado com tudo e com todos, se conforma a uma rotina, seguro de que a vida já não tem nada para lhe oferecer. Um dia Kay decide investir todas as suas poupanças numa terapia de casal. Quer um casamento verdadeiro, com tudo a que tem direito, e esse tudo inclui uma vida sexual activa.
Não é fácil falar da vida sexual dos mais velhos. As cenas de cama não são entre dois corpos esculturais, acariciados pelo photoshop, e há um preconceito alargado de que a partir de certa idade os casais se deviam conformar a dar a mão e, na melhor das hipóteses, recordar as noites fogosas do passado.
Mesmo um beijo na boca, incomóda. Mas é contra essas ideias feitas que o filme batalha, numa terapia que é quase em tempo real, e que inevitavelmente envolve o espectador. Não se trata só de recuperar o que está perdido, mas de incentivar à descoberta. No mundo real tudo deve ser muito mais difícil, mas fica o desafio